sábado, 22 de dezembro de 2018





Pesquisadores brasileiros criam pomada contra picada letal de aranha
Segundo a pesquisadora Denise Tambourgi, a pomada é feita à base de tetraciclina, substância conhecida e já usada como antibiótico
Ela é pequena, com um tamanho que varia de 0,6 mm a 2 cm, mas pode causar um estrago considerável. Todos os anos, a Aranha marrom (Loxosceles) pica cerca de 7 mil pessoas no Brasil - 7.441, em 2016, último dado disponível do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. O veneno dela pode causar necrose da pele, falência renal e até a morte das vítimas - seis, naquele ano.
Para diminuir esses problemas, cientistas do Instituto Butantan (IB) desenvolveram uma pomada, cujos efeitos curativos já foram comprovados em testes realizados em cultura celular e animais. Segundo a pesquisadora do IB, Denise Tambourgi, principal responsável pelo trabalho, a pomada desenvolvida é feita à base de tetraciclina, substância conhecida e já usada como antibiótico. "Utilizamos numa concentração abaixo da que seria microbicida, no entanto", explica.
"Ou seja, menor do que a necessária para ser considerado antibiótico. Mas a empregamos em uma dosagem capaz de interferir na atividade da esfingomielinase D, proteína que é o componente principal do veneno da aranha e que está envolvida no processo de inflamação e de destruição do tecido (necrose) e outros efeitos".
Além de lesão cutânea - que ocorre em 80% dos casos e pode levar meses para ser curada -, a picada da Loxosceles também pode provocar, nos outros 20% das vítimas, efeitos sistêmicos, como hemólise (alteração, dissolução ou destruição dos glóbulos vermelhos do sangue), agregação plaquetária (que causa coágulos nos vasos sanguíneos, que dificultam ou impedem a circulação), inflamação e falência renal, que podem levar à morte.
Origem da pomada
A história das pesquisas de Denise que levaram à criação da pomada é longa. Ela começou o trabalho para decifrar os principais componentes da toxina da aranha-marrom em 1994. Para isso, ela e sua equipe lançaram mão da engenharia genética.
Como cada Loxosceles produz muito pouco veneno - apenas cerca de 30 microgramas - seria muito difícil conseguir a quantidade necessária para os estudos. Então, os pesquisadores inseriram um gene dela na bactéria Escherichia Coli, criando assim uma biofábrica da esfingomielinase D, passando a produzi-la em volume suficiente para as pesquisas.
Ao longo do trabalho, Denise e sua equipem descobriram que o veneno da 'Aranha marrom' pode causar, além de efeitos já conhecidos, reações secundárias, que são desencadeadas principalmente pela proteína esfingomielinase D.
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Fonte: Evanildo da Silveira - De São Paulo para a BBC News Brasil

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