
A revista semanal Veja traz em sua edição, uma reportagem especial sobre o banho de sangue que toma conta das ruas e favelas de Fortaleza por conta da guerra entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE. “Terror no Ceará” foi o título escolhido para demonstrar como anda a criminalidade na Capital cearense e seus arredores.
A matéria cita também que o Ceará, atualmente, serve de entreposto para o escoamento da cocaína produzida nos países da América do Sul para a Europa, além da presença de chefões do narcotráfico em Fortaleza e a implicação com a matança diária na cidade.
Durante 20 dias, os repórteres da Veja acompanharam o dia-a-dia da criminalidade em Fortaleza, registrando, inclusive, os casos de assassinatos em que as vítimas são dilaceradas, com episódios corriqueiros de esquartejamento e degola, além de corpos que aparecem carbonizados ou são queimados depois de tirados dos locais de velório. “As táticas do terror islâmico inspiram o mais sanguinário dos grupos (criminosos) cearenses, os Guardiões do Estado (GDE)”, assinala o texto produzido pelo repórter Pedro Paulo Rezende.
“Imagens de corpos decapitados e de suas vísceras arrancadas do tronco são divulgadas em vídeos pelo WhatsApp e pelo YouTube, como forma de intimidação. Enquanto isso, os muros dos bairros para onde a facção avança impõe-se disciplina rígida: se roubar nas áreas, morre”, relata a reportagem. Em seguida, é descrita a chacina que deixou 14 mortos, na semana passada, em uma casa de shows intitulada “Forró do Gago”, na comunidade Barreirão, no bairro Cajazeiras.
Narcotráfico
A reportagem desvenda também uma faceta do crime que se instalou em Fortaleza, o corredor internacional do tráfico. Conforme a matéria, a cidade virou um entreposto do tráfico internacional de cocaína. A droga produzida em países sul-americanos (como Colômbia) vem para cá e é embarcada em direção a território africano. “A escolha do Ceará como base preferencial dessas organizações tem uma explicação geográfica. Com dois portos (Mucuripe e Pecém) e maior proximidade com o continente africano, o estado virou um ponto de remessa de cocaína para Cabo Verde, para dali ser enviada a Europa”, explica a matéria.
E revela, ainda, que “no complexo penitenciário cearense há indícios de conexões com o tráfico mexicano”, informando que, em dezembro último, foi preso pela Polícia Federal na Região Metropolitana de Fortaleza (no Beach Park, em Aquiraz), o traficante José González Valência, um dos chefões do cartel de Jalisco Nova Geração, uma feroz organização de narcotráfico do México.
Secretário
Ouvido pela reportagem, o secretário da Segurança Pública, delegado federal André Costa, revelou que pretende implantar uma “reprodução melhorada” das Unidades de Polícia Pacificadora do Rio de Janeiro, as UPPs. “Lá faltou ação conjunta do estado. Pretendemos coordenador esforços com as outras secretarias da prefeitura para suprir as necessidades de segurança da população”, disse André Costa à Veja.
Ainda de acordo com o secretário, no fim do ano passado, 730 homens e mulheres, aprovados como concurso para a Polícia Civil, foram convocados e estão sendo preparados para assumir os cargos de delegado, escrivão e inspetor.
No fim, a matéria volta a falar sobre as cenas de barbárie protagonizadas pelas facções criminosas em Fortaleza e remete aos casos em que até corpos são queimados em velórios. “No Ceará de hoje, até honrar os mortos pode ser perigoso”
Reportagem da “Isto É” aponta Fortaleza como a capital mais violenta do Brasil
A matéria relata o derramamento de sangue diário nas ruas da cidade por conta da guerra das facções e revela também o jogo do "empurra-empurra" do governador Camilo Santana que culpa o governo federal pela alta da criminalidade no Ceará
A reportagem traz também números comparativos de Fortaleza com as demais capitais nordestinas
Depois da revista Veja publicar extensa matéria retratando a violência no Ceará, por conta da guerra travada entre facções criminosas, a sua principal concorrente, a Isto É, também estampa na sua edição deste fim de semana a matança que acontece em Fortaleza, apontada na reportagem como a Capital mais violenta do Brasil.
A reportagem começa citando a chacina ocorrida no último fim de semana, numa casa de forró, na periferia de Fortaleza, que terminou na morte de 14 pessoas, a maioria garotas e entre estas, duas adolescentes. Logo depois, cita o massacre de 10 presos na Cadeia Pública da cidade de Itapajé (a 120Km da Capital).
“A sequência de 24 homicídios em tão curto espaço de tempo gerou um alerta sobre o caos na segurança pública cearense. Por terem acontecido de forma com centrada, eles parecem ponto fora da cursa. Não são. Em janeiro, o estado que concentra algumas das mais requisitadas atrações turísticas do Nordeste registrou uma média de 15 mortes por dia”, diz a matéria jornalística.
E mais: “Os números revela, que o crime organizado atua de forma maciça, invadindo fóruns, assaltando bancos e carros-fortes, fechando o comércio, determinando toques de recolher e fazendo vítimas indefesas em uma população que começa a viver sob tensão permanente”.
Poder paralelo
A reportagem mostra ainda um gráfico que traz o ranking das capitais nordestinas e seus índices criminais. Fortaleza parece no topo da lista, com uma média de 78,1 assassinatos por cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar aparece São Luiz (MA) e em terceiro, Aracaju (SE).
A matéria diz, ainda, que no Ceará foi estabelecido um “estado paralelo” do crime, através das facções, e que o governo “iniciou um jogo de empurra-empurra para dividir sua responsabilidade pela ocorrência de matanças indiscriminadas. Ao tratar do massacre em Cajazeiras, o governador Camilo Santana (PT) declarou que o governo federal é o responsável direto pelo combate às ações do crime organizado e que o estado sofre as consequências da falta de controle sobre o tráfico de armas nas fronteiras do País.”
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