domingo, 13 de agosto de 2017

Para sociólogo espanhol Congresso Nacional deveria ser dissolvido

O sociólogo espanhol Manuel Castells, 71, diz que o atual Congresso brasileiro não tem como se reformar. Ele defende sua dissolução para dar lugar a uma assembleia constituinte.
"O grande problema do Brasil não é econômico, mas político", afirma. "Se não for alterado o sistema político, a esperança de mudança representada pelo movimento se converterá em raiva coletiva e cinismo individual."

Castells é um dos mais reconhecidos estudiosos de movimentos em rede e de seus efeitos na política. 
Em entrevista à Folha por e-mail, Castells diz que "o Brasil chegou a um ponto não sustentável na deterioração ecológica e urbana".

O sociólogo espanhol Manuel Castells fala no Fronteiras do Pensamento, na noite de terça (11), em São Paulo
O sociólogo espanhol Manuel Castells


Como o sr. compara o que passou no Brasil com os processos da Primavera Árabe, dos indignados espanhóis, do Cinco Estrelas na Itália e com o que acontece agora na Turquia?
Em todos os casos, os movimentos são espontâneos, sem líderes, sem ideologia comum. Surgem da indignação e da defesa da dignidade. São gestados nas redes sociais, se expressam no espaço urbano e recusam as formas de governo que não consideram democráticas. São essencialmente movimentos contra a corrupção da classe política e por uma nova forma de representação. E surgem na ditadura e na democracia, em períodos de crescimento e em períodos de crise econômico, e em diferentes contextos culturais. Ou seja, o contexto é diferente, mas os movimentos se parecem porque têm a forma dos movimentos sociais na era da internet.
Como o sr. avalia o sistema político brasileiro e a crise econômica no Brasil ?
O grande problema do Brasil não é econômico, mas político. Os partidos políticos brasileiros representam a si mesmos e se fecham a qualquer reforma real que limite seus privilégios. Esse é o ponto chave. Se não for alterado o sistema político, a esperança de mudança hoje representada pelo movimento se converterá em raiva coletiva e cinismo individual.
O Congresso atual não pode se autorreformar. Deveria ser dissolvido para que se inicie um processo constituinte de reforma da democracia. O Brasil poderia ser um exemplo para o mundo. Defendo que muitos políticos profissionais deveriam se aposentar e montar empresas para criar empregos com o dinheiro que ganharam na política e não retirar direitos dos trabalhadores.

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