quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O verdadeiro valor das datas comemorativas

O verdadeiro valor das datas comemorativas

anonovTodas as datas foram loteadas. Na ânsia de aquecer as vendas do varejo, publicitários e veículos de mídia se uniram anabolizando datas marcantes com um apelo de consumo insano. Criou-se a necessidade de presentear, ou melhor, presentear virou sinônimo quase unânime de demonstrar carinho. Se não bastasse essa padronização falha, ainda vem acompanhada de uma escala de valores, ou seja, quanto mais caro o presente, mais amor se demonstra sentir.
Aí vem os críticos dessa postura verdadeiramente criticável detratar todas as datas como se estas fossem responsáveis pela sedução do marketing que as possuíram. Os que querem se dizer livres desse tipo de influência nefasta verbalizam assim sua independência: “para mim é só mais um dia como qualquer outro”, referindo-se ao aniversário, dia das mães, réveillon, ou natal. Ou o clichê “é só uma data criada para vender”, que o Papai Noel foi criado pela Coca-Cola, que “todo dia é dia das mães” e outras frases feitas pretensamente revolucionárias.
Marcos são importantes. Organizamos a história da humanidade com marcos (descoberta do Brasil, Chegada da família Real, queda do Império Romano, Revolução Industrial, Francesa, virada do século, etc.), pois estes servem como referencial reflexivo sobre os quais estabelecemos relação de causa e efeito, produzindo uma ordenação coerente, possibilitando que se entenda a vida humana como um continuum apreensível. Há muita crítica a este modelo de leitura dos fenômenos históricos, mas temos uma certa tendência a procurar um sentido na natureza, uma história coerente que explique nossa constituição.
feliz_dia_das_maesO mesmo ocorre na nossa existência individual, na noção que temos de quem somos, nosso papel no mundo, nossa estágio em relação aos planos que fazemos para nós mesmos. Claro que este tipo de reflexão pode ser feita a qualquer momento, não é necessário uma virada de ano para que se faça uma anamnese sobre como estamos em dia com nossos projetos pessoais, mas há um dia disponível para isso na agenda internacional, uma  força coletiva conjurando nossa energia mental a revisar todo um ano de vida (período de tempo que também é convenção humana, mas nos organizamos nessas convenções) em relação aos anos anteriores, à vida inteira já vivida e ao que se imagina que ainda reste: um privilégio bom demais para ser desperdiçado como “apenas mais um dia”.
natalTodo dia é dia das mães, todo dia é um dia especial para demonstrar carinho a quem amamos, para valorizar nossa família, celebrar a vida, mas o fato é que não valorizamos nossa mãe todos os dias, nem a vida, nem elogiamos quem merece, ou abraçamos a quem amamos. Não se realiza diariamente a mágica percepção da importância da vida, nem do amor, nem do valor das pessoas que nos rodeiam, pois precisamos trabalhar, pagar contas, cuidar das crianças, dar os passos (pequenos e permanentes) necessários à execução de nossos projetos pessoais, cumprir com nossos compromissos. A rotina impede o milagre, por isso a importância de uma data em que impere a oportunidade de vivenciar cada uma dessas importantes percepções.
Se a indústria do marketing se apropriou de cada um desses eventos transformando-os em uma data de consumo obrigatória, não há postura mais revolucionária que assumir toda a carga significativa que o momento proporciona sem consumir nada. Negar a possibilidade de abraçar a mãe, escrever-lhe um bilhete expressando o quanto a ama, ou mesmo abrir mão da oportunidade de repensar o ano vivido durante o 31 de dezembro é, no mínimo, um grande desperdício.
meditation-6Ao tentar transgredir a uma convenção social podemos não só desperdiçar uma vivência humana poderosa como atuarmos mais como prepotentes que independentes. Assim como permitir-se todo o cerimonial pertinente a uma data social pode ser mais que um clichê, um exercício de simplicidade. Uma experiência que pode atingir patamares incríveis de valor interno quanto mais nos permitimos presentificar o que dela se espera, ou seja: abrace todo mundo no natal, beije muito sua mãe no dia das mães, torne o aniversário o dia mais incrível de sua vida e passe o réveillon inteiro refletindo sobre o ano que passou e os projetos para o futuro. Respeite a sabedoria popular.
Fonte - semema.com

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