
As religiões todas têm regras, ritos e
formas para adequar o tempo nesse sentimento. No catolicismo, as
cerimônias fúnebres, todas elas, são elaboradas, com ritos que
sobrevivem por séculos e transitam por costumes sem fronteiras,
juntamente com textos retirados dos grandes teólogos da Igreja.
Se tenta, é verdade, um consolo, uma justificativa, uma explicação.
Muitos sentimentos humanos são tão
profundos dentro de cada um de nós que não sabemos como os exprimir na
codificação linguística convencionada entre os povos.
Mesmo a língua portuguesa, tão
absurdamente rica na sua construção histórica, nos seus vocábulos e
influências de muitas culturas, tão poética e dramática, melodiosa e
romântica não consegue, nem através dos seus melhores amantes, chegar à
plenitude do sentimento humano.
Muitos plumitivos avançaram rumo do
coração humano. Fernando Pessoa, Machado de Assis, Vinícios de Morais,
Cora Coralina e tantos outros.
E cada um deles e delas num impulso de
não aguentar-se sozinho e calado no que tanto lhe sufocava a garganta,
pelos dedos das mãos, como um super herói dos quadrinhos, fez sair a
energia misteriosa e interna que queria vencer o conflito pavoroso
provocado pela realidade que os cinco sentidos provavam. Esses falam
mais do que qualquer palavra. Não vejo, não toco, não cheiro, não provo e
não ouço. Nunca mais. É a negação do senso.
Assim tenta também Chico Buarque:
"Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi."
"Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi."
Tudo isso é o que define a palavra Luto?
Qualquer definição, qualquer estudo e
expressão, é insuficiente. Um conjunto de sinônimos não completa. As
linguagens não sustentam, portanto
Luto é o nome daquilo que não tem nome.

Vanilo de Carvalho,
advogado, professor universitário, especialista em Direito
Constitucional, mestre em Direito Internacional, conselheiro da Ordem
dos Advogafos do Brasil, membro da Comissão Nacional do Exame de Ordem
(Brasília) membro do Instituto Ph, membro da Academia Brasileira de
Cultura Jurídica, Cavaleiro da Ordem de Malta (Roma), membro da Comissão
de Justiça e Paz (vinculado à CNBB), escritor, analista
político-social, educador jurídico.
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