
O estudo “Solucionar a Poluição Plástica: Transparência e
Responsabilização”, feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF),
mostra que o Brasil é o quarto país no mundo que mais produz lixo. São
11.355.220 toneladas e apenas 1,28% de reciclagem. Só está atrás dos
Estados Unidos (1º lugar), da China (2º) e da Índia (3º).
No Brasil, segundo dados do Banco Mundial, mais de 2,4 milhões de
toneladas de plástico são descartadas de forma irregular, sem tratamento
e, em muitos casos, em lixões a céu aberto. Aproximadamente 7,7 milhões
de toneladas de lixo são destinados a aterros sanitários.
A poluição por plástico gera mais de US$ 8 bilhões de prejuízo à
economia global. Levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma) indica que os diretamente afetados são os setores
pesqueiro, de comércio marítimo e turismo.
O diretor executivo do WWF no Brasil, Mauricio Voivodic, alertou
sobre a necessidade de adotar medidas urgentes para reverter a situação.
“O próximo passo para que haja soluções concretas é trabalharmos
juntos, por meio de marcos legais, que convoquem à ação os responsáveis
pelo lixo gerado. Só assim haverá mudanças urgentes na cadeia de
produção de tudo o que consumimos.”
Alerta
Segundo o estudo lançado pelo WWF, o volume de plástico que vaza para
os oceanos anualmente é de cerca de 10 milhões de toneladas. Nesse
ritmo, mostra a pesquisa, até 2030 serão lançados ao mar o equivalente a
26 mil garrafas de plástico para cada quilômetro quadrado (km2).
Aproximadamente metade dos produtos plásticos que poluem o mundo hoje
foi criada nos anos 2000.
O diretor-geral do WWF Internacional, Marco Lambertini, afirmou que o
sistema atual de produção, uso e descarte de lixo está “falido” e que é
necessário mudar o comportamento. “É um sistema sem responsabilidade, e
atualmente opera de uma maneira que praticamente garante que volumes
cada vez maiores de plástico vazem para a natureza.”
Poluição
A poluição do plástico afeta a qualidade do ar, do solo e sistemas de
fornecimento de água. Os impactos diretos estão relacionados a não
regulamentação global do tratamento de resíduos de plástico, à ingestão
de micro e nanoplásticos (invisíveis aos olhos) e à contaminação do solo
com resíduos.
A queima ou incineração do plástico pode liberar na atmosfera gases
tóxicos, alógenos e dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre,
extremamente prejudiciais à saúde humana. O descarte ao ar livre também
polui aquíferos, corpos d’água e reservatórios, provocando aumento de
problemas respiratórios, doenças cardíacas e danos ao sistema nervoso de
pessoas expostas.
Na poluição do solo, um dos vilões é o microplástico oriundo das
lavagens de roupa doméstica e o nanoplástico da indústria de cosméticos,
que acabam sendo filtrados no sistema de tratamento de água das cidades
e acidentalmente usados como fertilizante, em meio ao lodo de esgoto
residual. Quando não são filtradas, essas partículas acabam sendo
lançadas no ambiente, ampliando a contaminação.
Soluções
O estudo do WWF faz recomendações sobre possíveis soluções para a
situação envolvendo os sistemas de produção, consumo, descarte,
tratamento e reúso do plástico. Os cuidados propostos incluem orientação
para os setores público e privado, a indústria de reciclagem e o
consumidor final.
As propostas incluem que cada produtor seja responsável pela sua
produção de plástico, o fim de vazamento do produto nos oceanos – e
reúso e reciclagem como base para uso do material. Paralelamente a
substituição do plástico por materiais reciclados.
Danos
Entre os principais danos do plástico à natureza estão
estrangulamento, ingestão e danos ao habitat. A gerente do Programa Mata
Atlântica e Marinho do WWF no Brasil, Anna Carolina Lobo, disse que a
maior parte do lixo marinho encontrado no litoral é plástico. Nas
últimas décadas, o aumento de consumo de pescados aumentou em quase
200%.
“As pesquisas realizadas no país comprovaram que os frutos do mar têm
alto índice de toxinas pesadas, geradas a partir do plástico em seu
organismo, portanto, há impacto direto dos plásticos na saúde humana.
Até as colônias de corais – que são as ‘florestas submarinas’ – estão
morrendo. É preciso lembrar que os oceanos são responsáveis por 54,7% de
todo o oxigênio da Terra”, disse.
O estrangulamento de animais por pedaços de plástico já foi
registrado em mais de 270 espécies animais, incluindo mamíferos,
répteis, pássaros e peixes, causando desde lesões agudas e crônicas, até
mesmo a morte. Esse estrangulamento é hoje uma das maiores ameaças à
vida selvagem e conservação da biodiversidade.
A ingestão de plástico já foi registrada em mais de 240 espécies. A
maior parte dos animais desenvolve úlceras e bloqueios digestivos que
resultam em morte, uma vez que o plástico muitas vezes não consegue
passar por seu sistema digestivo.
(Agência Brasil)
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