quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Meu discurso de Formatura de bacharelado em letras no ano de 2005.Parece que foi ontem !

Voltando no tempo e recordando bons momentos de faculdade. Vasculhando os meus arquivos, encontrei o discurso de formatura da turma de letras da Faculdade de Formação de Professores de Araripina. Foram quase 5 anos de uma caminhada espinhosa, de sacrifício, de abnegação e força de vontade, se deslocando de segunda à sexta de Campos Sales à Araripina no Pernambuco percurso de aproximadamente 65km, chegando em casa mais cedo à meia noite às vezes 4h da madrugada,enfrentando estrada carroçável na serra do Araripe e de quebra, às vezes, se deparando com tiroteio de polícia e traficantes.Contudo, valeu a pena, agradeço a Deus sempre pelo aprendizado e pelo profissional correto que procuro ser. Hoje se conclui curso superior em casa seja à distância via internet ou presencial apenas em fins de semana em empresas de faculdade. Imaginem o aprendizado e os profissionais que são inseridos no mercado de trabalho. Claro, com algumas exceções, o concludente desses cursos, se destacam mais pelo esforço,capacidade intelectual e vocação.  Existem nesse meio, cursos de qualidade, mas a grande maioria são mercantilistas.
Como orador da turma e detentor da melhor redação no vestibular dos cursos de letras da Autarquia á epoca, tive o prazer de ser escolhido para tão nobre missão. Admito que o discurso foi extenso, porém, com riqueza de detalhes sobre a importância da formatura e das pessoas que direta ou indiretamente foram primordiais em nossas vidas naquele momento ímpar.      


DISCURSO FORMATURA


                     Ilustríssimo Prefeito do município de Araripina Dr. Valdeir Batista de Andrade, ilustríssimo Diretor Presidente da Autarquia Educacional do Araripe Prof. Vicente Alexandre Alves, ilustríssima Prof. Diretora da Faculdade de Formação de Professores de Araripina Maria Cleide Gualter Alencar Arrais, ilustríssima Prof. Ana Lúcia Rodrigues Lima Santana, ilustríssima Prof. Assessora de Planejamento Helena Deiva Figueiredo Alexandre, Ilustríssimos Patronos Vicente Alexandre Alves e Elody Gomes Cordeiro Alves, Ilustríssimos Paraninfos da turma Prof. Darlan Grangeiro Teles e Sr. Emanuel Santiago Alencar ,Ilustríssimas Paraninfas  Professoras Rosa Maria dos Reis e Arruda Perdigão, e Maria Jucileide Lopes de Alencar, Ilustríssima Patronesse Possídia Maria de Carvalho Alencar, Ilustríssimo Padrinho Prof. Ricardo Marques Jacó e Madrinha Professora Mestra Antonia Alméria Alencar Cavalcante de Araújo Bento, Ilustríssima chefe de Departamento de Letras Maria Áurea de Carvalho Lopes e Queiroz, Ilustríssima chefe do Departamento pedagógico Francisca de Assis Arruda Gomes e também aos funcionários homenageados pelo curso de Letras, Senhoras Vilani Alves de Carvalho Lacerda e Maria dos Santos Alencar, carinhosamente Senhora Maristela, Sra. Telma Maria Leite Lacerda, demais componentes da mesa ; Senhores e Senhoras presentes, Boa Noite !

              Nosso agradecimento especial à Comissão de Formatura, pelo seu incansável e prestimoso trabalho, sem o qual não seria possível a cerimônia que ora se realiza.
            
             É, a um só tempo, uma honra e uma grande responsabilidade a tarefa que me foi outorgada de, em nome dos meus colegas, dirigir-me aos presentes.
Durante quatro anos aqui estivemos, compartilhando tanto os bons momentos quanto as vicissitudes  que se nos apresentaram ao longo do caminho, o que, inevitavelmente, cria um clima de companheirismo do qual nós mesmos, algumas vezes não nos conscientizamos.
             Este sentimento aflora com intensidade ainda maior neste momento, quando estamos nos separando, em busca cada qual de seu caminho, quer seja ele trilhado no exercício de atividade inerente à ciência educacional ou não, haja visto que o licenciado em Letras por vezes constitui-se em requisito ao desempenho de funções que não têm, propriamente, ligação com o mundo educacional. Destarte, fica em cada um de nós a saudade do convívio com aqueles cuja amizade faz parte do rol de nossos bens imateriais, que são, afinal, os mais caros que conquistamos em nossas vidas.
              É com muita alegria que nos reunimos nesta noite para festejar a tão sonhada conquista de nossa formatura. Num cenário social onde a globalização econômica, a introdução acelerada de novas tecnologias passam a exigir aprendizagens imprescindíveis para o desenvolvimento e a melhoria da vida da população, hoje marcada por elevados níveis de pobreza, verificando-se que poucos cidadãos são contemplados com a possibilidade de ingressar e estudar numa universidade pública e de qualidade. Nesse sentido somos privilegiados e vitoriosos, pois conseguimos superar os desafios que nos foram impostos durante nossa trajetória, permeada principalmente pela política neoliberal que insistia na idéia de privatização da universidade, denotando assim o descomprometimento com os ideais educacionais.
              
              Pensar em uma universidade pública de qualidade, é pensar numa universidade que proporciona a comunidade acadêmica, a oportunidade de experimentar a pesquisa científica, de vivenciar projetos sociais transcendendo seus muros, suas salas de aulas, para numa relação dialógica transformar a comunidade ao mesmo tempo em que se transforma.
             Historicamente no Brasil a educação não é prioridade e os investimentos destinados à mesma, ainda não ocupam parcela significativa no orçamento da União, dificultando melhores condições de trabalho e a produção do conhecimento, o que compromete a construção do cidadão participativo, autêntico, autônomo, crítico, consciente do seu papel na sociedade.
           
             Reconhecer a importância da educação e valorizar mais os pensadores brasileiros, a exemplo de Anísio Teixeira, Paulo Freire, Florestan Fernandes que proclamaram uma educação democrática e sensível aos anseios da sociedade é o caminho para o desenvolvimento do nosso país. É preciso então promover a mudança, e como brilhantemente colocou nosso presidente Luís Inácio Lula da Silva em seu discurso de posse, “ Para mudar é preciso coragem, cuidado, humildade e ousadia``. É preciso mudar, tendo consciência de que a mudança é um processo gradativo e continuado.”
           Nesse contexto, os profissionais de educação, em especial os professores de Letras têm papel essencial, pois somos responsáveis pelas sementes do amanhã, que poderão ser fruto de uma geração de pessoas que conquistaram a verdadeira democracia. Segundo Paulo Freire “ A democracia é, como o saber, uma conquista de todos. Toda a separação entre os que sabem e os que não sabem, do mesmo modo que a separação entre as elites e o povo, é apenas fruto de circunstâncias históricas que podem e devem ser transformadas”.
           Ao novo educador hoje compete, o desafio de refazer a educação, reinventa-la, criar as condições objetivas para que uma educação democrática seja possível, criar alternativas pedagógicas que favoreçam o aparecimento de um novo tipo de pessoas, solidarias, preocupadas em superar o individualismo criado pela exploração capitalista do trabalho, preocupadas com um novo projeto social e político que construa uma sociedade mais justa, mais igualitária.
          
             Por isso, colegas somos semeadoras e não  podemos fugir da responsabilidade de semear. Não  digamos que o solo e áspero, que chove freqüentemente, que o sol queima ou que a semente não serve. Não e nossa função julgar a terra e o tempo. Nossa missão e semear.
           A semente e abundante ! Um pensamento, um sorriso, uma promessa de alento, um aperto de mão , um conselho, um pouco de água, o dialogo, são sementes que germinam facilmente. Não semeeis, porem descuidadamente, como quem cumpre uma missão desagradável ! Semeemos com interesse, com amor, com atenção, como quem encontra nisto o motivo central de sua felicidade.
          
           Nessa perspectiva o curso de Letras da Faculdade de Formação de Professores de Araripina tem muitos méritos por Ter atualmente um currículo que contempla uma formação generalista permitindo que o professor atue nos diversos segmentos sociais, alem de que, acompanha as transformações do mundo acadêmico e profissional.
          Certamente sabemos que o diploma, o cruzar da linha de chegada gera momentos de efetivo bem-estar, mas acreditamos que este e apenas o começo de uma longa estrada a ser percorrida, com as nossas especializações, as atividades profissionais, os grupos de estudos, que nos proporcionarão encontros, desencontros e reencontros.
          Encontrar e verbo transitivo, que no cotidiano, queríamos definitivo. Para a vida nascemos de um encontro, e de incontáveis encontros e vivências, levamos marcas que norteiam e estruturam nosso jeito de ver, ser e viver.
         
          Temos muito para recordar de nosso tempo na faculdade e muitas pessoas especiais guardadas no coração. Nesse momento, que também e marcado pela saudade que fica como tesouro, as aulas, a partilha dos sonhos, os gestos encorajadores, a torcida, o companheirismo...E sobretudo a mensagem de que devemos ter fé na vida, fé no homem, fé no que vira, nos podemos tudo, nos podemos mais, vamos la fazer o que será.

             Estamos todos comemorando o encerramento de um ciclo que sem duvida ate agora deve ter sido um  dos mais importantes períodos de nossas vidas. Entre amigos, colegas de profissão, mestres, pais e familiares, queremos fazer desta noite, também um evento marcante. Durante estes 4 anos, aprendemos a conviver com a diferença, sem necessariamente se tornar um diferente, a conviver com a dificuldade e sempre buscar as alternativas para supera-la, sem fazermos dela obstáculo, a aceitar as vitorias sem nos contagiar pelo sentimento de ganância e soberba. Mas neste período, em todos os momentos em que estivemos nas ruas, em contato com as pessoas, nos foi muito comum os questionamentos sobre qual e o papel e o que faz o professor para a sociedade.

              O pensamento e uma manifestação tolhida das artes`, `e antes de mais nada, construção , com o papel primordial de organizar e ordenar o espaço para uma finalidade e determinada intenção. Mas a intenção plástica e o que distingue Letras de uma simples construção. Pode-se então definir Letras como construção concedida com o propósito de organizar e ordenar plasticamente o espaço e os volumes decorrentes, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica e de uma determinada intenção.
             Nos sabemos que enquanto dentro da Universidade, estávamos protegidos e blindados, de uma maneira que nos garantia a possibilidade de sonhar e pensar numa possível mudança de postura social, política e humana. No entanto agora que deixamos este espaço do saber, da experimentação e da crença, ficamos em duvida sobre como implementar boas idéias  e como manter nossa dignidade enquanto profissionais. Uma boa resposta para isso, e a reunião que ocorre nesta noite aqui neste ambiente. Há quatro anos atras, quantos de nos não tínhamos duvidas sobre o que seriamos, mas algo nos motivou, e acreditar que seria possível, fez a diferença

             Que esta crença no possível nos torne pessoas melhores, nos faca profissionais sérios, comprometidos e engajados, e que através disso possamos continuar a sonhar e não temer pelo futuro, num coro de que  nossa esperança vença o nosso medo , a mesma esperança que tínhamos quando éramos crianças, acreditando que éramos capazes de realizar qualquer uma de nossas mais secretas aventuras.
           Nesta turma estão, por certo, futuros mestres, doutores, PhDs. Há, ainda, aqueles que se tornarão Professores por excelência e que terão a responsabilidade de transmitir a seus alunos os conhecimentos da Ciência da linguagem necessários a sua formação profissional. Tais conhecimentos são a base sobre a qual o aprendiz desenvolve o seu aprender, mas somente o tempo, paulatinamente, trará a sabedoria e a experiência capazes de transformar o professor em um sábio. E de grande importância neste processo o papel do mestre, posto que, ao lado dos doutrinadores, ele influencia o estudante, cooperando, assim, na consolidação dos conceitos aprendidos e na formação da consciência. 
            A esse respeito, opinou um de nossos mais eminentes juristas, o grande Rui Barbosa, na Faculdade de Direito de São Paulo, ao falar como Paraninfo de uma turma. No celebre discurso conhecido pelo titulo de Oração aos Mocos, afirmou o inigualavel  mestre..A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada a desigualdade natural, e que se acha a verdadeira lei da igualdade.

           Diante, portanto, da complexidade da atividade de ensinar, exige ela do educador qualidades como a disposição permanente para o estudo, no sentido de que esteja sempre atualizado, face as mudanças constantes da sociedade, a percepção do real significado destas mudanças, a perseverança, tão necessária ao seu aprimoramento profissional.

           Assim, no decurso de nossas carreiras, lembremo-nos sempre de que muito há que lutar, porquanto são muitas e muito grandes as dificuldades que se haverão de interpor no caminho que temos a trilhar. O professor deve ser incansável, na busca do aprimoramento da vida em sociedade. As grandes nações são construídas tendo a educação como pedra basilar. Ao final desta jornada acadêmica, queremos expressar o sincero desejo de que cada adversidade torne-se um estimulo, cada insucesso, uma lição, cada novo dia de trabalho, a recompensa divina ao vosso esforço, cada vitoria, não uma gloria efêmera, mas uma pagina de uma longa historia de dedicação a causa da educação. Sede felizes na atividade que ireis exercer e lutai diuturnamente por aquilo que acreditais.

                              
                Que Deus abençoe e ilumine a todos....boa noite..obrigado.
 

    


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