sábado, 9 de novembro de 2013

Ensaio do Professor Tim sobre a história dialética, difusa e revisionista de Nova Russas.


Ensaio sobre a História de Nova Russas pelos métodos dialético, revisionista e difuso!!!
População superior a 30.000 habitantes e completando 91 anos de emancipação político-administrativa, e a cerca de 9 do seu primeiro centenário, Nova Russas entra no debate histórico por conta do seu aniversário próximo: comemorado no próximo dia 11 de novembro.
Debater a história de Nova Russas pelos métodos dialético, revisionista e difuso. Dialético porque estabelece tese, antítese e síntese sobre fatos históricos publicizados.
O historicismo é colocar os fatos históricos nos aspectos da época em que se passaram, avaliando-se o momento histórico em que ocorreram. Dizer porque ocorreram exatamente naquele tempo passado. E difuso, para quem não sabe ainda, é somar as diversas ciências aos fatos históricos.
Pois bem. O clichê histórico mais repetido na História de Nova Russas, por mais que não se queira, é a questão de nosso município ter nascido dentro da Fazenda Curtume, de propriedade do capitão [Guarda Nacional] Bernardino Gomes Franco.
Mas se a história é feita de documentos, como ensinou o historiador Raimundo Girão, e, antes, o também historiador Capistrano de Abreu, não há documentos oficias provando tal tese histórica sobre o DNA do nosso nascimento. Nem mesmo um bilhete existe sobre tal fato.
Há quem sustente tese contrária de que Manoel de Oliveira Peixoto não foi o único doador das terra onde hoje é a geografia urbana de Nova Russas. Outro doador mais importante, talvez mais importante do que o outro famoso, foi João Lustosa Capuchu. Esquecido dos livros de história produzidos pelas elites locais, por não ser de família tradicional.
A questão do nascedouro dentro de um tanque de curtição de couro da fazenda Curtume, mais parece uma lenda. Não há um marco zero em tal local citado. Não sei porque deram o nome do nosso rio principal de Curtume. Ninguém consegue explicar tal crendice histórica.
Cabe um revisionismo dialético no próprio nome oficial de nossa cidade. Errado afirmar que Nova Russas foi uma homenagem a São Bernardo de Russas, feita pelo padre Joaquim Ferreira de Castro, é uma tremenda mentira. Tal padre nem sabia onde fica Nova Russas.
A própria construção da Igreja Matriz é motivo de polêmica. Alguns dizem que foi em 1935, e a maioria afirmando que foi inaugurada em 1937.
Os próprios historiadores locais nunca valorizaram o principal mentor e intelectual da emancipação definitiva de Nova Russas. Pois Nova Russas foi emancipada pela Lei 2043 de 1922, mas voltou a ser distrito de Ipueiras, até definitivamente emancipada pelo interventor Roberto Carneiro de Mendonça, em 1931.
O mais triste, o mais lamentável, o mais trágico de tudo, é que Roberto Carneiro de Mendonça nunca foi homenageado em Nova Russas por tal gesto, nem como nome de rua no Morro da Gaiola. Fato extremamente péssimo!
Mesmo seja um fato concreto a passagem da Coluna Prestes em Nova Russas, sob comando do tenente João Alberto, há muitas versões sobre tal fato. Ninguém explica corretamente as ações do coronel Antonio Rodrigues Veras, então prefeito de Nova Russas, em relação à Coluna Prestes.
Se a história sempre é escrita pelos vencedores, ou pelas elites, os grandes personagens da nossa história são sempre das classes dominantes. Há sempre um historicismo conservador e conformista quando se trata de se narrar e descrever sobre tais personagens históricos.
Lógico que o Monsenhor Leitão, pároco da Paróquia de Nossa Senhora das Graças, foi extraordinário guia, profeta missionário espiritual e material do nosso desenvolvimento social, cultural, religioso e econômico. Não deixa de ter fundamental importância suas grandes obras religiosas sociais: Legião de Maria, Círculo Operário, Patronato Auxilium, Ginásio Monsenhor Tabosa, Cooperativa de Crédito, Casinhas de São Vicente etc.
Mas pouco se escreveu sobre aspectos doutrinários, ideológicos e políticos do Monsenhor Leitão. Ninguém escreveu sobre sua oposição à Teologia da Libertação e o apoio ao regime militar de 1964.
Pouco se sabe sobre outras religiões e movimentos religiosos, que não a Igreja Católica. A própria fundação dos primeiros núcleos protestantes em Nova Russas, e até mesmo dos centro espíritas e umbandistas, não fizeram parte ainda da nossa historiografia.
Pouco material histórico foi escrito sobre Artur Pereira, um dos mais importantes líderes políticos da história de Nova Russas. Há que o enxergam como um ditador cruel e perseguidor. Coronel autoritário e conservador por ter mandado prender o doutor Osvaldo Martins -oposicionista radical contra seu governo. Outros o citam como um desenvolvimentista e progressista prefeito.
Tanto sobre seus antecessores quanto sucessores, totalizando cerca de 40 prefeitos, em períodos diversos, pouco se sabe a respeito. Maioria dos Novarussenses não conhecem o que fizeram, com exceção de uns poucos crítico ou defensores. Prefeitos avaliados apenas por apaixonados ou por críticos radicais.
A nossa história econômica fala apenas dos ciclos do algodão, da mamona e da oiticica. Pouco se fala da importância dos vendedores de croché, chamados de atravessadores, que, matulão nas costas, atravessam cidades e estados, divulgando e vendendo nosso principal produto de exportação. Levando e trazendo nosso desenvolvimento econômico.
A nossa história cultural aborda apenas grupos musicais e artísticos de riquinhos do centro. E a nossa história literária e das letras é um gueto dos Mendes e dos Martins.
Sobre a história das obras marcantes, que revolucionaram nossa arquitetura e nossa geografia urbana, são lembrados apenas os prefeitos e seus aliados ricos. Esquecem dos serventes, dos pedreiros que as construíram.
Em relação à história de Nova Russas, a região do Alto e a nossa periferia continuam sendo ficções. Pouco se conhece sobre os principais personagens de tal região: poeta Alcides Ferro, professora Maria de Quadros, Chico Pitanga, Raimundo Bandeira, entre outros.
Se nem os personagens periféricos são historicizados, quanto mais o movimento sindical contestatório. A História de fundação do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais -STTR-, pouca gente sabe. A não ser os sindicalistas históricos como Franciné e Gonzaga Vieira.
Muito menos há sobre a história dos nossos operários, do movimento feminista local, das tradições e dos costumes, da memória popular, dos fatos místicos etc.
Quem for escrever a nossa história mais profundamente, não pode esquecer o LIONS e o LEO, a Maçonaria, a CDL, os Direitos Humanos, as Ong's do nosso processo social e popular. Entidades vitais para a compreensão de nossa história dos grupos coletivos.
Mas há fatos que nunca serão revelados. Perguntas históricas que não querem calar:  Quem mandou matar Cesário Patrício dentro da cadeia do Ipu? Por que o 40 BI não ficou em Nova Russas? Por que a Algodoeira Gomes saiu de nossa cidade? Razões da morte de Manezinho Evangelista? Por que o açude Farias de Sousa foi construído em Flores e não em Segredo?
Presente ensaio é dialético porque a história é evolutiva. Vive um evolucionismo permanente. Não há tese fixas no processo histórico.
Foi o nosso ensaio histórico. Parabéns, Nova Russas!.

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