Ensaio sobre a História de Nova Russas pelos métodos dialético, revisionista e difuso!!!
População superior a 30.000 habitantes
e completando 91 anos de emancipação político-administrativa, e a cerca
de 9 do seu primeiro centenário, Nova Russas
entra no debate histórico por conta do seu aniversário próximo: comemorado no próximo dia 11 de novembro.

Debater a história de Nova Russas
pelos métodos dialético, revisionista e difuso. Dialético porque
estabelece tese, antítese e síntese sobre fatos históricos publicizados.
O historicismo é colocar os fatos
históricos nos aspectos da época em que se passaram, avaliando-se o
momento histórico em que ocorreram. Dizer porque ocorreram exatamente
naquele tempo passado. E difuso, para quem não sabe ainda, é somar as
diversas ciências aos fatos históricos.
Pois bem. O clichê histórico mais
repetido na História de Nova Russas, por mais que não se queira, é a
questão de nosso município ter nascido dentro da Fazenda Curtume, de
propriedade do capitão [Guarda Nacional] Bernardino Gomes Franco.
Mas se a história é feita de
documentos, como ensinou o historiador Raimundo Girão, e, antes, o
também historiador Capistrano de Abreu, não há documentos oficias
provando tal tese histórica sobre o DNA do nosso nascimento. Nem mesmo
um bilhete existe sobre tal fato.
Há quem sustente tese contrária de que
Manoel de Oliveira Peixoto não foi o único doador das terra onde hoje é
a geografia urbana de Nova Russas. Outro doador mais importante, talvez
mais importante do que o outro famoso, foi João Lustosa Capuchu.
Esquecido dos livros de história produzidos pelas elites locais, por não
ser de família tradicional.
A questão do nascedouro dentro de um
tanque de curtição de couro da fazenda Curtume, mais parece uma lenda.
Não há um marco zero em tal local citado. Não sei porque deram o nome do
nosso rio principal de Curtume. Ninguém consegue explicar tal crendice
histórica.
Cabe um revisionismo dialético no
próprio nome oficial de nossa cidade. Errado afirmar que Nova Russas foi
uma homenagem a São Bernardo de Russas, feita pelo padre Joaquim
Ferreira de Castro, é uma tremenda mentira. Tal padre nem sabia onde
fica Nova Russas.
A própria construção da Igreja Matriz é
motivo de polêmica. Alguns dizem que foi em 1935, e a maioria afirmando
que foi inaugurada em 1937
.

Os próprios historiadores locais nunca
valorizaram o principal mentor e intelectual da emancipação definitiva
de Nova Russas. Pois Nova Russas foi emancipada pela Lei 2043 de 1922,
mas voltou a ser distrito de Ipueiras, até definitivamente emancipada
pelo interventor Roberto Carneiro de Mendonça, em 1931.
O mais triste, o mais lamentável, o
mais trágico de tudo, é que Roberto Carneiro de Mendonça nunca foi
homenageado em Nova Russas por tal gesto, nem como nome de rua no Morro
da Gaiola. Fato extremamente péssimo!
Mesmo seja um fato concreto a passagem
da Coluna Prestes em Nova Russas, sob comando do tenente João Alberto,
há muitas versões sobre tal fato. Ninguém explica corretamente as ações
do coronel Antonio Rodrigues Veras, então prefeito de Nova Russas, em
relação à Coluna Prestes.
Se a história sempre é escrita pelos
vencedores, ou pelas elites, os grandes personagens da nossa história
são sempre das classes dominantes. Há sempre um historicismo conservador
e conformista quando se trata de se narrar e descrever sobre tais
personagens históricos.
Lógico que o Monsenhor Leitão, pároco
da Paróquia de Nossa Senhora das Graças, foi extraordinário guia,
profeta missionário espiritual e material do nosso desenvolvimento
social, cultural, religioso e econômico. Não deixa de ter fundamental
importância suas grandes obras religiosas sociais: Legião de Maria,
Círculo Operário
, Patronato Auxilium, Ginásio Monsenhor Tabosa, Cooperativa de Crédito, Casinhas de São Vicente etc.

Mas pouco se escreveu sobre aspectos
doutrinários, ideológicos e políticos do Monsenhor Leitão. Ninguém
escreveu sobre sua oposição à Teologia da Libertação e o apoio ao regime
militar de 1964.
Pouco se sabe sobre outras religiões e
movimentos religiosos, que não a Igreja Católica. A própria fundação
dos primeiros núcleos protestantes em Nova Russas, e até mesmo dos
centro espíritas e umbandistas, não fizeram parte ainda da nossa
historiografia.
Pouco material histórico foi escrito sobre Artur Pereira
,
um dos mais importantes líderes políticos da história de Nova Russas.
Há que o enxergam como um ditador cruel e perseguidor. Coronel
autoritário e conservador por ter mandado prender o doutor Osvaldo
Martins -oposicionista radical contra seu governo. Outros o citam como
um desenvolvimentista e progressista prefeito.

Tanto sobre seus antecessores quanto
sucessores, totalizando cerca de 40 prefeitos, em períodos diversos,
pouco se sabe a respeito. Maioria dos Novarussenses não conhecem o que
fizeram, com exceção de uns poucos crítico ou defensores. Prefeitos
avaliados apenas por apaixonados ou por críticos radicais.
A nossa história econômica fala apenas
dos ciclos do algodão, da mamona e da oiticica. Pouco se fala da
importância dos vendedores de croché, chamados de atravessadores, que,
matulão nas costas, atravessam cidades e estados, divulgando e vendendo
nosso principal produto de exportação. Levando e trazendo nosso
desenvolvimento econômico.
A nossa história cultural aborda
apenas grupos musicais e artísticos de riquinhos do centro. E a nossa
história literária e das letras é um gueto dos Mendes e dos Martins.
Sobre a história das obras marcantes,
que revolucionaram nossa arquitetura e nossa geografia urbana, são
lembrados apenas os prefeitos e seus aliados ricos. Esquecem dos
serventes, dos pedreiros que as construíram.
Em relação à história de Nova Russas, a
região do Alto e a nossa periferia continuam sendo ficções. Pouco se
conhece sobre os principais personagens de tal região: poeta Alcides
Ferro, professora Maria de Quadros, Chico Pitanga, Raimundo Bandeira,
entre outros.
Se nem os personagens periféricos são
historicizados, quanto mais o movimento sindical contestatório. A
História de fundação do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras
Rurais -STTR-
, pouca gente sabe. A não ser os sindicalistas históricos como Franciné e Gonzaga Vieira.

Muito menos há sobre a história dos
nossos operários, do movimento feminista local, das tradições e dos
costumes, da memória popular, dos fatos místicos etc.
Quem for escrever a nossa história
mais profundamente, não pode esquecer o LIONS e o LEO, a Maçonaria, a
CDL, os Direitos Humanos, as Ong's do nosso processo social e popular.
Entidades vitais para a compreensão de nossa história dos grupos
coletivos.
Mas há fatos que nunca serão
revelados. Perguntas históricas que não querem calar: Quem mandou matar
Cesário Patrício dentro da cadeia do Ipu? Por que o 40 BI não ficou em
Nova Russas? Por que a Algodoeira Gomes saiu de nossa cidade? Razões da
morte de Manezinho Evangelista? Por que o açude Farias de Sousa foi
construído em Flores e não em Segredo?
Presente ensaio é dialético porque a
história é evolutiva. Vive um evolucionismo permanente. Não há tese
fixas no processo histórico.
Foi o nosso ensaio histórico. Parabéns, Nova Russas!.
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