domingo, 19 de janeiro de 2025

Pobreza atinge metade das crianças e adolescentes no Brasil. No Ceará, mais de 1,6 milhão são pobres




Brasil registrou uma diminuição no número de crianças vivendo em condições de pobreza, mas ainda assim, mais da metade da população infantil, com idades entre 0 e 17 anos, permanece nessa situação. Em 2023, cerca de 28,8 milhões de crianças e adolescentes, o que representa 55,9% do total, viviam sem acesso a direitos fundamentais. Essa cifra é uma queda em relação a 2017, quando o total era de 34,3 milhões, conforme aponta um relatório do Unicef que analisa diversas dimensões da pobreza.

As desigualdades regionais no Brasil são marcantes. Na zona rural, 95,3% das crianças enfrentam privações, enquanto na zona urbana esse índice é de 48,5%. Além disso, a situação de saneamento básico é crítica, com 91,8% das crianças na zona rural sem acesso a esse serviço essencial e 21,2% sem água potável. As disparidades raciais também são evidentes, com crianças negras apresentando taxas de privação mais elevadas, atingindo 63,6%, em comparação com 45,2% entre crianças brancas.

No Ceará são mais de 1,6 milhão de crianças e adolescentes vivendo em situação de pobreza, com acesso restrito a direitos básicos. Embora o número ainda seja elevado, ele representa uma queda em relação a 2019. Atualmente, 73,2% dessa faixa etária vivem nessa condição, com 1,1 milhão de jovens em situação intermediária e 575 mil em condição extrema de privação.

Os dados foram divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no relatório “As Múltiplas Dimensões da Pobreza na Infância e na Adolescência no Brasil”.

O Unicef aponta que a redução da pobreza multidimensional no Ceará é reflexo, principalmente, do aumento da renda, impulsionado pela expansão do Bolsa Família, e da melhoria no acesso à informação. No entanto, o relatório destaca que áreas como Educação e Trabalho Infantil ainda apresentam retrocessos significativos. “Houve um aumento preocupante no analfabetismo, especialmente entre as crianças que sofreram interrupções na educação durante a pandemia de Covid-19”, observa.

A pesquisa avaliou sete dimensões para medir a pobreza: renda, educação, acesso à informação, água, saneamento, moradia e proteção contra o trabalho infantil, além de analisar a segurança alimentar. Entre os principais problemas que afetam o Ceará, o relatório destaca:

- 1,1 milhão com privação de saneamento básico, sendo 135 mil ao nível extremo;
- 425 mil com privação de renda, sendo 317 mil ao nível extremo;
- 145 mil com privação de moradia, sendo 85 mil ao nível extremo;
- 82 mil com privação de acesso à água, sendo 124 mil ao nível extremo;
- 117 mil com privação de acesso à educação, sendo 39 mil ao nível extremo;
- 92 mil com privação de acesso à informação, sendo 9 mil ao nível extremo;
- 55 mil vítimas de trabalho infantil, sendo 16 mil ao nível extremo.

Segundo Liliana Chopitea, chefe de políticas sociais do Unicef no Brasil, “as pobrezas afetam mais as crianças e adolescentes justamente porque estão em desenvolvimento. Qualquer direito que não seja garantido na idade certa pode ter consequência a médio e longo prazo”.


  

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