As desigualdades regionais no Brasil são marcantes. Na zona rural, 95,3% das crianças enfrentam privações, enquanto na zona urbana esse índice é de 48,5%. Além disso, a situação de saneamento básico é crítica, com 91,8% das crianças na zona rural sem acesso a esse serviço essencial e 21,2% sem água potável. As disparidades raciais também são evidentes, com crianças negras apresentando taxas de privação mais elevadas, atingindo 63,6%, em comparação com 45,2% entre crianças brancas.
Os dados foram divulgados pelo Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef) no relatório “As Múltiplas Dimensões da Pobreza na
Infância e na Adolescência no Brasil”.
O Unicef aponta que a redução da pobreza multidimensional no Ceará é reflexo,
principalmente, do aumento da renda, impulsionado pela expansão do Bolsa
Família, e da melhoria no acesso à informação. No entanto, o relatório destaca
que áreas como Educação e Trabalho Infantil ainda apresentam retrocessos
significativos. “Houve um aumento preocupante no analfabetismo, especialmente
entre as crianças que sofreram interrupções na educação durante a pandemia de
Covid-19”, observa.
A pesquisa avaliou sete dimensões para medir a pobreza: renda, educação, acesso
à informação, água, saneamento, moradia e proteção contra o trabalho infantil,
além de analisar a segurança alimentar. Entre os principais problemas que
afetam o Ceará, o relatório destaca:
- 1,1 milhão com privação de saneamento básico, sendo 135 mil ao nível extremo;
- 425 mil com privação de renda, sendo 317 mil ao nível extremo;
- 145 mil com privação de moradia, sendo 85 mil ao nível extremo;
- 82 mil com privação de acesso à água, sendo 124 mil ao nível extremo;
- 117 mil com privação de acesso à educação, sendo 39 mil ao nível extremo;
- 92 mil com privação de acesso à informação, sendo 9 mil ao nível extremo;
- 55 mil vítimas de trabalho infantil, sendo 16 mil ao nível extremo.
Segundo Liliana Chopitea, chefe de políticas sociais do Unicef no Brasil, “as
pobrezas afetam mais as crianças e adolescentes justamente porque estão em
desenvolvimento. Qualquer direito que não seja garantido na idade certa pode
ter consequência a médio e longo prazo”.
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