A proporção de lares chefiados por mulheres no Ceará saltou de 37,5% em 2012 para 47,1% em 2018. No entanto, esse crescimento não está diretamente relacionado a não presença de cônjuge masculino no domicílio, já que o percentual de lares chefiados por mulheres com cônjuge masculino vivendo sob o mesmo teto cresceu de 33,4% para 41,5% no mesmo período. Esses e muitos outros dados estão no Ipece Informe (nº 155 – Agosto/2019) – Análise da participação feminina na composição familiar e no mercado de trabalho cearense no período 2012/2018, trabalho que acaba de ser publicado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gstão (Seplag) do Governo do Estado do Ceará.
Proporção dos domicílios chefiados por mulheres – Ceará – 2012-2018


Proporção de domicílios chefiados por mulheres com a presença do cônjuge (masculino) – Ceará – 2012-2018


Fonte: PNAD-Contínua Anual, consolidada para 1ª visita. Elaboração: IPECE.
O estudo, elaborado pela assessora
Técnica Luciana Rodrigues, da Diretoria de Estudos Sociais (Disoc) do
Instituto, observa que, embora não esteja claro quais são os critérios
adotados para que uma pessoa seja nomeada como a pessoa de referência do
domicilio, “a ampliação de domicílios em que as mulheres são indicadas
como a responsável pela família parece evidenciar mudanças no padrão de
comportamento social, ou seja, o rompimento dos modelos tradicionais,
nos quais o homem, como principal provedor de renda, é considerado o
chefe do domicilio”. O trabalho foi elaborado tendo como base dados da
Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar Contínua (PNADC), realizada
pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com autora do estudo, algumas
considerações podem ser feitas para tentar explicar as mudanças, como,
por um exemplo, um entendimento melhor das responsabilidades do
domicílio, que não estejam diretamente relacionadas ao sustento familiar
ou financeiro, mas o auto reconhecimento das mulheres como responsáveis
fundamentais pelas decisões, criação e educação dos filhos e do
equilíbrio familiar. Isso só é possível com o crescimento da importância
socioeconômica do papel da mulher na sociedade e, sobretudo, no
contexto familiar. Grande parte dessa mudança aconteceu a partir da
ampliação da autonomia feminina que passou a assumir funções não só no
lar, mas passaram a dividir com os homens o sustento da casa e a criação
dos filhos.
Já com relação a presença das mulheres no
mercado de trabalho, o trabalho mostra que elas ainda são minoria. No
4º trimestre de 2018, a taxa de participação da população masculina de
14 anos ou mais de idade na força de trabalho foi de 60,6%, enquanto que
a taxa de participação feminina ficou em 41,0%. Ao analisar o
rendimento médio real do trabalho principal da população de 14 anos ou
mais de idade ocupada por sexo, é possível verificar que o rendimento
médio dos homens é relativamente superior ao das mulheres. No 4ª
trimestre de 2018, o rendimento médio dos homens era de R$ 1.627 e das
mulheres R$ 1.279, ou seja, as mulheres recebiam, em média, 79% do
rendimento dos homens.
A diferença entre salários, segundo
Luciana Rodrigues, a diferença aumenta ainda mais quanto controlado por
nível de escolaridade. A razão de rendimento médio das mulheres em
relação aos homens de 25 a 49 anos de idade – Sem instrução e
Fundamental incompleto – era de 67,7% do rendimento médio dos homens com
o mesmo nível de escolaridade. Enquanto que as mulheres com Ensino
Superior completo ganhavam apenas 64,5% do salário médio. Outro ponto
destacado no trabalho diz respeito a educação. Apesar de ganharem menos
que os homens, as mulheres permanecem mais tempo buscando qualificação
educacional. Com base na escolaridade média da população de 15 anos ou
mais de idade por sexo, as mulheres tinham aproximadamente um ano a mais
que os homens, em 2018.
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