quinta-feira, 14 de março de 2013

Por que são os papas “velhos” que renovam a Igreja

Um dos aspectos que causaram certa perplexidade nesta quarta-feira, quando se conheceu o novo papa, foi a sua idade: 76 anos — Francisco fará 77 ainda neste 2013. Nos últimos 100 anos, só dois eleitos eram mais velhos: justamente Joseph Ratzinger, a quem sucede, e João XXIII, que estava a um mês de completar os mesmos 77. Vejam quadro. Volto em seguida.
Observem como a duração do mandato e a idade do eleito não querem dizer grande coisa. Nos últimos 100 anos, João XXIII, que sacudiu a Igreja Católica com o Concílio Vaticano II, fez o papado mais curto (não estou considerando os 34 dias de João Paulo I).
Notem que um papa extremamente jovem no ato da escolha, João Paulo II, é uma exceção. Não havia ainda completado 58 anos. Antes dele, Bento XV chegou ao Trono de Pedro com pouca idade: estava prestes a fazer 60, mas morreu cedo, fazendo um papado de apenas sete anos e três meses.
A estes se seguiram dois papados longos, de Pio XI e Pio XII, respectivamente 17 e quase 19 anos. Aí veio o breve pontificado de João XXIII para mais um período relativamente extenso: os 15 anos de Paulo VI. Na história, apenas dois papas permaneceram no comando da Igreja mais tempo do que João Paulo II: o próprio Pedro, o fundador, e Pio IX, que teve um pontificado que beirou os 32 anos. Aqueles quase 27 anos distorceram a nossa percepção e estavam entre as exceções.
Não dá assegurar que seja uma tendência. Tendo a achar que, para o bem da Igreja, papados mais curtos são uma escolha sensata. Afinal, a força da Santa Madre tem de estar na doutrina. E, assim, evita-se a cristalização de vícios na Cúria Romana. A Igreja é inspirada por Deus, mas conduzida por homens.
Olhando a tabela acima, dá para perceber que a faixa entre 81 e 82 é, digamos, a zona de maior perigo para os papas, havendo duas exceções abaixo e duas acima: João Paulo II e o próprio Bento XVI. Vejam, no entanto, que curioso: em 100 anos, ele foi o papa com a idade mais avançada — perde para Leão XIII (papa entre 1878-1903), por exemplo, que morreu aos 93 anos.
A Igreja tem de saber conservar os seus valores renovando-se. E a renovação, meus caros, quando o mandato é vitalício, se dá é com a escolha de papas mais velhos. Tenho pra mim que a Igreja não precisa de pontificados de 25, 30 anos. Nem é essa a sua tradição. Com o aumento da expectativa de vida, um papa na faixa dos 75 anos é que é a medida da prudência.
 
 
Siglas farão eleições internas que podem manter ou trocar seu atual comando.

Assim como o PMDB decidiu no último dia 2.mar.2013, pelo menos outros 8 partidos também farão eleições internas antes da votação presidencial de 2014 (o 1º turno será em 5.out.2014). Nesses processos, os partidos elegem seus presidentes ou reconduzem os atuais –no caso do PMDB, Michel Temer continuou no comando.
São mínimas as chances de haver alteração nas cúpulas desses partidos. No Brasil, há pouca ou nenhuma alternância de poder na direção das agremiações políticas.
A tabela a seguir mostra as datas em que as legendas relevantes realizarão suas convenções antes de jun.2014, data limite para que as alianças eleitorais sejam formalizadas.

PDT – a eleição para o comando da legenda será em 22.mar.2013, em Brasília. O atual presidente, Carlos Lupi, é favorito para continuar no cargo (que ocupa desde a morte de Brizola, em 2004). Insatisfeito com os cargos dados por Dilma ao partido, Lupi tem dado a entender que pretende analisar também uma aliança com Eduardo Campos (PSB) ou com Aécio Neves (PSDB). Seu possível adversário é o ministro Brizola Neto (Trabalho), que não tem ainda apoio suficiente para formalizar a vontade de presidir o PDT. Deputados pedetistas dizem que Brizola não representa o partido na Esplanada dos Ministérios e querem sua substituição.
PP – o partido de Paulo Maluf é presidido pelo senador Francisco Dornelles, do Rio de Janeiro, desde 2007. A convenção será em abril de 2013.
O futuro do PP é ainda incerto.Dornelles deseja se manter na cadeira de presidente, mas o senador Ciro Nogueira (PP-PI) trabalha de forma incessante para ser o escolhido para presidir a legenda.
Em 2010, o PP não apoiou formalmente nenhum candidato, só entrou para a base de Dilma depois que ela venceu as eleições. É um partido muito escorregadio na hora de formar alianças. Não há como prever com segurança onde estará a legenda em 2014.
PSDB – o maior partido de oposição ao governo fará sua convenção em 25.mai.2013. O deputado Sérgio Guerra, de Pernambuco, sairá da presidência da sigla e os tucanos deverão escolher o senador Aécio Neves, de Minas Gerais, como seu novo presidente. O fato impulsionará a candidatura de Aécio ao Palácio do Planalto. Nesse dia será importante observar quais presidentes de outros partidos aceitarão o convite para marcar presença no evento tucano.
PT – o partido da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolherá seu novo presidente em 6.nov.2013.
No PT, o sistema é conhecido como PED, o Processo de Eleições Diretas. Por meio de voto direto, os filiados elegem as direções municipais, estaduais e nacional da legenda.
O atual presidente, Rui Falcão, é candidato à reeleição e favorito. Ele tem apoio das tendências CNB (de Lula e José Dirceu), PT de Lutas e Massas (de Jilmar Tatto) e Novos Rumos (dele mesmo, de Marta Suplicy e de Vaccarezza). Os possíveis adversários (que poderiam contrariar a candidatura de Dilma ou de Lula ao Planalto caso ganhassem o comando do partido) são Valter Pomar, da tendência Articulação de Esquerda, Renato Simões da Militância Socialista, e Olívio Dutra, da Democracia Socialista com apoio da Mensagem (de Tarso Genro).
PC do B – fará sua convenção em novembro de 2013. O atual presidente, Renato Rabelo, está no cargo há 12 anos. Já manifestou vontade de passar a bola, mas há integrantes da sigla que querem mantê-lo no cargo. O partido tem sido um satélite do PT nas últimas eleições. Dificilmente mudará de comportamento em 2014.
PPS – terá seu congresso nacional em outubro ou novembro de 2013. Deve manter o deputado federal Roberto Freire, de São Paulo, como presidente. Ele ocupa o cargo há 21 anos. A sigla nasceu como dissidência do Partido Comunista Brasileiro. Hoje, integra a oposição junto com PSDB e DEM, com os quais se coligou na eleição presidencial de 2010. Agora, a tendência dentro do partido é dar apoio a um candidato que seja alternativa à polarização entre PT e PSDB. As opções postas são Eduardo Campos, do PSB, ou Marina Silva, em processo de montagem de uma nova legenda, a Rede.
PSOL – o partido fará eleição interna em dezembro de 2013. O atual presidente é o deputado federal Ivan Valente, de São Paulo. Nas últimas eleições o PSOL teve muita visibilidade. Em 2006, com Heloísa Helena, conseguiu o 3º lugar e 6,5 milhões de votos. Em 2010, não repetiu o sucesso de votação, mas Plínio de Arruda Sampaio conseguiu aparecer como candidato polêmico nos debates televisionados. Agora, a legenda cogita lançar o senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, ou deputado federal Chico Alencar, do Rio de Janeiro. Marcelo Freixo, deputado estadual no Rio, pretende disputar a reeleição para o mesmo cargo.
PV – o partido terá eleições em março de 2014. Não há expectativa de que o deputado Penna, de São Paulo, deixe o comando da sigla. Ele está no poder há 14 anos. Seu grupo, majoritário no PV, defende que o ex-deputado Fernando Gabeira seja candidato. Já anunciaram publicamente essa opinião.
DEM – o senador José Agripino, do Rio Grande do Norte, é o presidente do partido até dezembro de 2014, quando a eleição presidencial já terá terminado. No momento, o caminho do Democratas é apoiar o candidato que for escolhido pelo PSDB, mas o partido quer ampliar a aliança, como disse Agripino ao UOL e à Folha em 2012.
PR – o senador Alfredo Nascimento, do Amazonas, foi reconduzido para um mandato de mais 4 anos frente ao partido em 2011. O relacionamento da legenda com o governo Dilma é ambíguo: ora aliado, ora opositor. O lado em que o PR estará na próxima eleição dependerá muito dos cargos que receber do governo em 2013. É o que têm dito, sem nenhum pudor, deputados da legenda.
PTB – o presidente nacional, Roberto Jefferson, está há 10 anos no cargo. Foi condenado pelo mensalão e deverá deixar o posto quando a pena passar a valer, provavelmente antes da eleição de 2014. O senador Gim Argello, do Distrito Federal, tem interesse no cargo. Terá que negociar sua ascensão com o grupo ligado ao senador Armando Monteiro, de Pernambuco, que também pode conseguir força para disputar a presidência da sigla. Ambos são inclinados a apoiar Dilma Rousseff. Mas, em 2010, o partido entrou na coligação que lançou José Serra (PSDB) à Presidência.
PSC – o partido é presidido por Vitor Nósseis há 28 anos e não tem perspectivas de mudar. Apoiou Dilma em 2010, mas seus integrantes se queixam por não terem um ministério no governo Dilma. Também não escondem que têm simpatia pelas candidaturas de Aécio Neves e de Eduardo Campos.
PRB – o partido ligado à Igreja Universal e à Rede Record foi criado com a ajuda de Lula e tem como um de seus ícones o ex-vice presidente José Alencar. Seu atual presidente, Marcos Pereira, ficará no posto até maio de 2015. Até lá, nenhuma mudança deverá ocorrer no partido.
 

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