Vítima chegou ao
Hospital de Acarape durante a troca de médicos plantonistas, mas um dos
profissionais não aguardou a chegada do outro
"Eu posso dizer que meu irmão foi
morto por irresponsabilidade do hospital de Acarape. Ainda levaram ele
para Redenção, mas quando chegou, foi sem jeito. O Acarape não está com
nada". O desabafo foi feito pela irmã do gari aposentado Antônio
Alves da Silva (62), falecido na última segunda-feira (5), após buscar
atendimento no Hospital Municipal de Acarape, no Maciço de Baturité. O
socorro tardio foi prestado por um caminhão de lixo que passava no
entorno do imóvel onde o idoso morava com a família. Não havia
ambulância na unidade para sair com o paciente, que morreu a caminho do
Hospital e Maternidade Paulo Sarasate, em Redenção, município vizinho.
A filha de Antônio Alves conta que o pai precisava ir ao hospital frequentemente, por conta de um enfisema pulmonar. "Lá [no hospital] conheciam o problema dele", relembra a familiar, que ressalta os medicamentos e uso de bombinha utilizados pelo paciente. "Quando ele tinha crise, tomava a medicação, mas não servia, então era levado para o hospital", explica.
Diana Alves, esposa do aposentado, teria
ido ao Hospital Municipal de Acarape, mas foi informada que não tinha
carro disponível para resgatar o paciente em casa. Ao regressar,
percebeu que o marido tinha piorado e decidiu insistir, desta vez por
telefone, "Ela [esposa] ligou para o Hospital e disseram que os
médicos estavam trocando o plantão. Depois saiu, procurando carro na
rua, mas não encontrou ninguém que ajudasse. Meu irmão estava sentado e
viu o caminhão do lixo passando, correu e conseguiu o socorro", relata a irmã do gari.
O caminhão levou a vítima para o Hospital
Municipal de Acarape, popularmente conhecido como "Doutorzão", mas como o
médico plantonista tinha saído e o outro ainda não tinha chegado para
trabalhar, decidiram seguir para Redenção. O idoso, entretanto, morreu a
caminho. Na unidade, disseram para os familiares que Antônio sofreu um
infarto.
O que diz a Secretaria Municipal de Saúde de Acarape?
Em nota, a pasta informou que o município dispõe de três ambulâncias para atender aos moradores, mas todas estavam em outras ocorrências no momento em que o aposentado precisava ser socorrido. A Secretaria ressalta não ser obrigação da Prefeitura de Acarape fazer o resgate em domicílio, mas o faz por entender que os pacientes não possuem veículos próprios. Sobre o transporte em um caminhão do lixo, a pasta informou que o resgate foi feito "por solicitação dos familiares e não por ordem da Secretaria de Saúde".
Em nota, a pasta informou que o município dispõe de três ambulâncias para atender aos moradores, mas todas estavam em outras ocorrências no momento em que o aposentado precisava ser socorrido. A Secretaria ressalta não ser obrigação da Prefeitura de Acarape fazer o resgate em domicílio, mas o faz por entender que os pacientes não possuem veículos próprios. Sobre o transporte em um caminhão do lixo, a pasta informou que o resgate foi feito "por solicitação dos familiares e não por ordem da Secretaria de Saúde".
A nota, assinada pela titular da pasta,
Karine Bezerra, conta que o paciente era portador de doença crônica e
grave, chegando ao hospital em estado grave. Por fim, sobre a ausência
de atendimento, a Secretaria afirma que: "O médico saiu sem esperar
que o outro médico, que estava atrasado, chegasse. Isso representa
infração ética e estamos abrindo processo administrativo disciplinar
para investigar o fato. Caso seja constatado negligência dos médicos
plantonistas, ambos sofrerão sanções administrativas".
Não é a primeira vez
Em abril do ano passado, familiares de um idoso de 69 anos denunciaram que um homem passou mal, sofreu convulsão e não teve atendimento na mesma unidade. A Secretaria de Saúde, por sua vez, negou a versão, afirmando que o homem foi acompanhado por um médico que concluíu que o "paciente não estava com sintomas de convulsão, mas com hipoglicemia".
Em abril do ano passado, familiares de um idoso de 69 anos denunciaram que um homem passou mal, sofreu convulsão e não teve atendimento na mesma unidade. A Secretaria de Saúde, por sua vez, negou a versão, afirmando que o homem foi acompanhado por um médico que concluíu que o "paciente não estava com sintomas de convulsão, mas com hipoglicemia".
CNews
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