65 milhões de brasileiros são analfabetos funcionais! Editorial do Estadão de 20/5/18, A Educação no País,
conclui, pelos dados da PNAD 2017, que “… 41% da população adulta é
analfabeta funcional. São pessoas que sabem escrever o nome, mas não
conseguem ler e compreender manuais…”.
É uma França! Já se imaginou na França cercado de analfabetos
funcionais? Não haveria jornais porque sequer haveria quem escrevesse
neles.
A maioria desses nossos conterrâneos está condenada à pobreza e eles
passarão pela vida sem deixar qualquer legado – talvez só filhos também
pobres –, sem ter tido o prazer de orgulhar-se de seus feitos, como
acontece com 480 mil pessoas que aqui morrem anualmente. Uma atrocidade.
O mais triste é que o assunto acaba no preparo e na divulgação da
PNAD. Talvez algum político diga “que horror!”, mas fica nisso. Eles e
elas, responsáveis por resolver o problema, saem de fininho, e prometem
“mais e melhor educação” no futuro, que nunca chega. Porquê?
Porque o problema principal não é o sistema de educação em si, embora
este tenha muitas falhas. O problema é haver dinheiro para fornecer
educação de qualidade a todos. Isto custa por volta de U$690 bi por ano,
considerando nossa população e os padrões que os membros mais
desenvolvidos da OCDE praticam, cerca de U$10 mil por aluno por ano. No
Brasil, governo e famílias gastam menos de U$80 bi por ano, porque não
têm mais. Se não há dinheiro suficiente para fornecer educação de
qualidade para todos, não há como fazê-lo.
A solução para educação de qualidade para todos, para preencher esta
lacuna de U$600 bi, então, é criar um ambiente em que todos tenham
oportunidade de prosperar, de acordo com seu mérito, para poder pagar
por ela. Para tal, precisamos de muitos investidores, brasileiros e
estrangeiros, que queiram arriscar seu capital na busca do lucro e
ofereçam bons empregos. Coisa que nossa Constituição e nossas leis
impedem. Ou se transforma o Brasil num país apetitoso para o capital
internacional na proporção de que necessitamos, ou esqueçamos educação
de qualidade para todos. E continuamos com 60% da população vivendo com
até um salário mínimo. Desgraça.
Sergio Moura é autor do livro 'Podemos ser prósperos – se os políticos deixarem'.
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