Penas maiores para os menores
A vida não pode continuar valendo tão pouco. Quem sai às ruas com arma disposto a matar precisa saber que a tolerância com seu ato será bem menor
O nosso glorioso
parlamento resolveu se ocupar de dois importantes projetos que se
relacionam de maneira direta com a criminalidade que assola o Ceará e o
Brasil. O primeiro deles, aprovado (alvíssaras!) pela Câmara dos
Deputados, aumenta a pena mínima para o traficante que comandar
organização criminosa. O mínimo de cinco anos de reclusão passará para
oito anos de xilindró.
A pena máxima permanece em 15 anos.
Bancado
pela correta ministra Gleisi Hoffmann, que certamente articulou em nome
da presidente Dilma Rousseff, o projeto aprovado também regulamenta a
internação voluntária e a involuntária de viciados. Um alento para as
destruídas famílias de dependentes químicos. O projeto vai para o
Senado, que deve aprová-lo.
A Câmara dos Deputados resolveu
abrigar outra importante discussão. No caso, as propostas que endurecem
as medidas sócio-educativas para adolescentes infratores vão ser
analisadas em conjunto por uma Comissão Especial da Casa criada com esse
exclusivo intuito.
Atentem: duas dessas propostas
ampliam o tempo máximo de reclusão para o menor infrator que cometer
crime hediondo, como homicídio qualificado ou estupro. É o caso do
projeto da deputada Andreia Zito (PSDB-RJ) que amplia a reclusão do
menor assassino de três para oito anos e o projeto de Eduardo Fonte, que
estabelece pena entre 3 a 8 anos para o adolescente com idade entre 14 a
16 anos e de 8 a 14 anos para os que têm entre 16 e 18 anos.
Notem
que os projetos cuidam de diferenciar o tipo de “infração” cometida
pelos adolescentes. O princípio e o mérito são muito corretos: tirar a
vida de alguém ou cometer um estupro possui dimensão muito superior a um
furto, por exemplo. Do jeito que está hoje, a vida não vale muita
coisa. Afinal, um homicida de 17 anos fica, no máximo, três anos fora da
convivência social. Atentem bem para o “no máximo”.
O ponto é
o seguinte: a vida não pode continuar valendo tão pouco. Quem sai às
ruas com arma na mão disposto a matar precisa saber que a tolerância com
seu ato será bem menor. Nenhuma sociedade é tão condescendente com
assassinos (menores e maiores) quanto o é o nosso Brasil brasileiro. É
esse o jogo que precisamos virar.
Não custa reproduzir o que
já venho dizendo aqui em edições passadas. A vida tornou-se um bem
relativo. Algo banal. Quem morrer pelas mãos de um menor, azar. Pode ser
um pai ou mãe de família, um estudante, um senhor, uma senhora.
Resta-lhes os sete palmos de terra e as famílias destroçadas.
Já
o assassino terá as leis a seu favor, um amontoado de ONGs, ministros,
advogados, o tal do “movimento popular” e, com sorte, alguns padres.
Afinal é um pobrezinho, “vítima” da sociedade cruel e desigual.
Papo
furado. Felizmente, a esmagadora maioria dos jovens que vivem na mesma
situação social do, por exemplo, traficante assassino menor de 18 anos,
opta pela honestidade, pelo estudo e pelo trabalho duro. Não fosse
assim, nossa sociedade já teria sucumbido por absoluto.
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