#O preconceito da ignorância
Ana Paula Padrão, é o nome da moça. Jornalista, foi levada para apresentar esses negócios aí de cozinheiros que se chamam de chefes. Outro dia, num dicumê onde os pratos seriam de carnes exóticas, botaram no cardápio carne de bode.
Desconhecendo, por pura ignorância, a iguaria, a moça disse que carne de bode era dicumê de gente pobre, de gente humilde e que era prato nordestino. Perdoada pelo desconhecimento do que é uma carne de bode, do Tauá, no Ceará, por exemplo, poderia ter ficado só naquilo que não conhece, que é o sabor da carne e não tentar discriminar o regionalismo e/ou o Nordeste com nossos costumes.
Outra coisa; carne de bode, também conhecida aqui como carne de criação, nunca foi carne exótica. E mais; não é carne baratinha, não. Em Juazeiro, por exemplo, uma arroba de carne de caprino/ovino, abatido, claro, não sai por menos de R$210,00. A seca, porém, fez a iguaria dar um pulo nos preços porque o produtor, com a falta de alimento no pasto, teve que dar comida de forrageira ao bicho ou parar de vender pra não ter prejuízo como bode magro.
Uma das comidas mais apreciadas no nordeste do bode, que tem criatórios maravilhosos no Ceará, onde há uma feira anual chamada Tejubode, numa cidade chamada Tejuçuoca, e vende mantas e mais mantas de bode desossado, assim como o carneiro para o mundo inteiro.
Se a moça falou por ignorância, repito, tá perdoada, até porque jornalista que nunca saiu de sua zona de conforto, não sabe mesmo o que é uma moqueca de preá, uma panelada de rabudo, um cozido de tejo, uma galinha parida.
Agora se foi pra discriminar, mió calar!
(Por Macário Batista, jornalista).
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