De janeiro a julho, segundo o órgão, esse tipo de infração resultou na aplicação de 759,7 mil multas em todo o Brasil
Apenas
nos primeiros sete meses deste ano, o número de multas aplicadas a quem
usa o celular enquanto dirige já é 33% maior do que em todo o ano
passado. Os dados são do Registro Nacional de Infrações de Trânsito
(Renainf), mantido pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
De janeiro a julho, segundo o órgão,
esse tipo de infração resultou na aplicação de 759,7 mil multas em todo o
país. Ao longo de 2017, as multas impostas pelo uso de celular ao
volante somaram um total de 571,6 mil.
O alerta sobre os riscos e ameaças no
uso de celular ao volante foi reforçado durante a Semana Nacional de
Trânsito, que começou no último dia 18 e vai até a próxima terça-feira
(25).
Especialista em trânsito e gerente
técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), o advogado
Renato Campestrini, ressaltou que não há nada no celular que se
sobreponha à segurança no trânsito. "É preciso maior conscientização.
Nenhuma ligação ou mensagem é mais importante do que você arriscar a tua
vida e a de outros no trânsito."
Gravíssima
Classificada como “gravíssima” pelo
Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a infração por uso de celular ao
volante pesa no bolso. São R$ 283,47, além de sete pontos anotados na
Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
A multa pode ainda ser combinada com
outro tipo de infração, a condução de veículo sem as duas mãos ao
voltante, que custa R$ 130,16 e rende mais cinco pontos na carteira.
O acúmulo de 20 pontos ou mais, em um
período de até 12 meses, implica na suspensão da CNH. Mesmo com o carro
parado no semáforo ou no engarrafamento, o manuseio de aparelhos
eletrônicos continua sendo infração passível de multa.
Riscos
Os riscos vão além do bolso e da
possibilidade de ter o direito de dirigir suspenso. De acordo com a
Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, o uso de celular ao
volante já é a terceira maior causa de fatalidades no trânsito do
Brasil. Anualmente, o trânsito tira a vida de mais de 37 mil pessoas no
país.
Estudos internacionais indicam que
manusear o celular durante a direção é tão perigoso quanto dirigir sob o
efeito de álcool. Estima-se que teclar ou atender uma ligação ao
volante amplia em 400 vezes a chance de provocar um acidente.
"Usar o celular ao volante tira
completamente a atenção do motorista. A uma velocidade de 100 km/h, se
percorre uma enorme distância em apenas poucos segundos, por isso uma
distração pode ser fatal", afirmou Renato Campestrini, advogado,
especialista em trânsito e gerente técnico do Observatório Nacional de
Segurança Viária (ONSV).
Campestrini informou que aumentou “de
forma significativa” o número de pequenas colisões no trânsito
relacionadas ao uso do celular. "O motorista, às vezes, está parado
atrás de outro veículo, fica olhando o celular, e quando arranca acaba
colidindo com o carro da frente, porque perdeu a noção da distância.
Isso é muito comum hoje em dia", exemplifica.
Mudanças
Até 2016, o uso de celular ao volante
era uma infração média. O crescente número de acidentes fez com que uma
alteração no CTB a transformasse em infração gravíssima. Mesmo com maior
rigor, os números sugerem que a prática segue ocorrendo.
De acordo com uma pesquisa do Instituto
Datafolha, para 72% dos brasileiros entrevistados, o uso do celular
enquanto se está dirigindo, seja escrevendo ou lendo mensagens, é a
infração que mais cresceu nos últimos dois anos.
O levantamento, realizado em junho deste
ano, foi contratado pela Seguradora Líder, responsável
pela administração do Seguro de Danos Pessoais causados por Veículos
Automotores de Via Terrestre (Seguro DPVAT). O mesmo percentual de
entrevistados (72%) admitiu que faz manuseia o celular ao volante.
Omissão
Uma possibilidade para tornar ainda mais
grave esse tipo de infração seria impor o chamado "fator multiplicador"
na aplicação da multa. É o que ocorre, por exemplo, para quem é multado
por dirigir sob o efeito de álcool. Também classificada como
gravíssima, o valor da multa é multiplicado por 10, atingindo o patamar
de R$ 2.834,70.
"Uma opção seria aplicar um fator
multiplicador de três ou de cinco para quem usa celular ao voltante",
apontou Campestrini, gerente técnico do Observatório Nacional de
Segurança Viária.
Apesar de punir o manuseio do celular, a
legislação brasileira ainda é omissa sobre o uso do telefone por meio
da tecnologia bluetooth, que permite a conexão sem fio do aparelho com o
sistema do som do carro. A ferramenta permite ao motorista falar ao
telefone enquanto dirige sem precisar segurar o aparelho.
"Mesmo no bluetooth, a concentração do
motorista é menor. Há correntes que defendem essa proibição, mas isso
ainda não vingou no Brasil", afirma Campestrini.
Pedestres
O uso de celular no trânsito também é um
risco para os pedestres. É cada vez mais comum o registro de
atropelamentos de pessoas que estavam distraídos com o seu smartphone no
momento de atravessar uma rua ou um cruzamento.
Ler, digitar, falar e usar o fone de
ouvido pode aumentar pode tirar completamente a atenção do pedestre na
rua. Há estimativas que indicam um aumento em até 80% na chance de um
acidente nessas circunstâncias.
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