Final de gestão nas esferas municipais. Infelizmente uma grande parte dos gestores não cumpriram suas promessas de campanha durante estes quatro anos, não efetivaram seu projeto de governo e portanto, receberam uma resposta à altura. Em nossa região, na maioria dos municípios cearenses, lamentavelmente, se inserem dentre estas estatísticas. Sendo o nosso município na região, foi o que mais teve uma gestão "desastrosa" em todos os aspectos. Se contentou em fazer o trivial, não ousou, não construiu, não dialogou com a comunidade para ouvir seus anseios e reclames. Entre as leis de Newton, preferiu a da "Inércia", suplantando ao da "Dinâmica", e como pra toda ação, existe inexoravelmente uma reação efetiva foi descartado pelo eleitor novarrusense. Daí ressaltamos a importância da reforma política principalmente no tocante ao financiamento de campanhas políticas por empresas privadas, gastos milionários em campanhas que resultaram em compra de mandatos, bem como a criação de critérios mais rígidos para o registro de candidaturas a cargos eletivos, tanto no executivo como no legislativo. A esperança agora recai sobre dois jovens que triunfaram nas urnas, contudo, se não forem diferentes,em suas ações administrativas e políticas serão fadados ao insucesso. Longe disso, o povo está carente e ávido por um modelo administrativo moralista, ético e desenvolvimentista, que acabe com vícios existenciais arraigados na esfera municipal que precisam ser debelados para a máquina engrenar e sair desta letargia e da procrastinação administrativa.
Neste sentido os candidatos quando eleitos deixam de cumprir com o seu compromisso de representante do povo para atender aos interesses de uma classe privilegiada .
Posto abaixo uma bela fábula de Ruth Rocha que traz para todos nós uma reflexão sobre um representante que não sabe de nada, inclusive administrar o bem público. Boa leitura.
O REI QUE NÃO SABIA DE NADA
Havia um rei que tinha seus ministros, sendo que estes eram responsáveis por cuidar da cidade. Certo dia os ministros descobriram uma máquina que fazia tudo e apresentaram-na para o Rei, que por sinal gostou muito da ideia. Essa máquina passou a fazer tudo na cidade, porém, certo dia, ela parou de funcionar e começou a fazer coisas erradas, mas os ministros nada falavam ao rei e ele nem se preocupava em perguntar se tudo estava dando certo.
No dia do passeio do rei pela cidade, os ministros puseram cenários pelas ruas onde ele passaria, para que ele não visse o estrago que a máquina havia causado e a verdadeira situação em que o país se encontrava, entretanto uma criança do outro lado do cenário chutou sem querer uma bola e toda a falsa paisagem se espatifou pelo chão. O rei ficou muito assustado e com medo daquilo que os outros estavam pensando dele e saiu correndo, pelo caminho “perdeu a coroa, perdeu o cetro, perdeu o manto, perdeu até o jeitão de rei”, e de tanto correr, chegou a um lugar muito longe do seu castelo, uma cidadezinha em que os habitantes (por não o terem reconhecido) reclamavam que o rei não os escutava, nem sequer sabia que eles existiam. O rei se assume rei e então toda a cidade começa a dar muitas ideias sobre como ele poderia governar, assim ele decide demitir todos os ministros e aceitar as sugestões dos seus novos amigos.
Percebemos inúmeras questões sociais nesse texto, o rei que deveria ser o mandante do país, responsável e ciente de tudo o que nele ocorre, não passa de um desinteressado que é ao mesmo tempo inocente e culpado. Inocente pelo fato de ser enganado por pessoas as quais ele considerava confiáveis e fiéis. E pode ser considerado culpado por estar alheio ao que realmente estava acontecendo no país de sua responsabilidade (com um olhar mais crítico, pode se considerar que ele se deixava enganar) e não se interessar em saber os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo povo (nem ao menos sabia se havia isso), confiando cegamente no funcionamento de uma máquina e na administração de ministros “fingidos”.
Essa personagem da estória se comparada com a realidade se assemelha mais ao “povo” do que a figura equivalente ao rei, que, na atualidade, seria o presidente. Ocorre assim, uma inversão de valores, em que aquele que possui a maior autoridade é aquele que menos sabe. Hoje em dia sabemos que são os cidadãos brasileiros os enganados, porém no fundo cada um se acomoda de uma forma particular com o engano que está sofrendo de forma consciente, tanto pelo fato de não saber o que fazer para mudar, quanto por não ter poder nenhum em suas mãos para que alguma mudança verdadeiramente relevante aconteça.
Entretanto, o que vemos no texto é que, ao revelar-se enganado, o rei por possuir a autoridade em suas mãos pode mudar significativamente a história de seu país, e para isso as primeiras decisões tomadas são as de demitir os ministros fingidos (que equivaleria, atualmente, aos governantes corruptos) e de aceitar as sugestões do povo para que eles juntos pudessem consertar os erros cometidos pela máquina, pela má administração dos ministros e por sua falta de zelo com seu país.