Com a crise mais aguda, miséria bate às portas dos EUA
Washington
A pobreza é, cada dia que passa, uma realidade mais tangível para os
norte-americanos. Acostumadas à fartura e ao desperdício, as famílias
que antes da crise integravam a vasta faixa da classe média naquela
sociedade, vêem-se diante de necessidades básicas que, há algumas
décadas, foram resolvidas de forma artificial. O crédito fácil, criado
por sucessivos golpes bancários no escândalo dos subprimes,
transformou-se no fantasma do desemprego e da fome. Mesmo aquelas
famílias que têm empregos empobrecem.
Pesquisa divulgada nesta
terça-feira mostra que os números do empobrecimento continuaram
crescendo nos EUA.
Segundo o relatório divulgado pela agência inglesa de notícias Reuters, baseado em dados recentes do Censo,
em 2011 havia 200 mil famílias de “pobres trabalhadores” a mais do que
em 2010. Cerca de 10,4 milhões dessas famílias – ou 47,5 milhões de
norte-americanos – agora vivem na linha da pobreza, definida nos EUA como sendo uma renda inferior a US$ 22.811 por ano, para uma família de quatro pessoas.
Na realidade, quase um terço das famílias trabalhadoras dos Estados
Unidos atualmente enfrenta dificuldades, segundo a análise. Os dados mostram que os
20% mais ricos dos EUA receberam 48% de toda a renda nacional, enquanto
os 20% mais pobres ficaram com apenas 5%. Este fenômeno pode ser
observado nos Estados do Sul, como Geórgia e Carolina do Sul, e do
Oeste, como Arizona e Nevada, onde há o maior crescimento no número de
famílias trabalhadoras pobres.
O efeito da pobreza sobre o crescente número de crianças que vive
nessas famílias – um aumento de quase 2,5 milhões de menores em cinco
anos – também coloca em xeque o modelo econômico do país. Em 2011, cerca
de 23,5 milhões (ou 37%) das crianças dos EUA viviam em famílias
trabalhadoras pobres, contra 21 milhões (33%) em 2007, segundo o
relatório. Parte do problema é que mais pais estão trabalhando no setor
de serviços, o que resulta em longas jornadas noturnas, com as
decorrentes dificuldades para cuidar dos filhos, além de salários baixos
e um involuntário status de trabalhador de meio período, segundo a
análise.
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